segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Advogada...processo...visitas

Depois disso, não demorou muito e eu contratei uma advogada para entrar com pedido de separação e pensão, mas como era final de ano, tudo ia demorar mais do que o normal. Justiça brasileira...não é muita novidade o lance da lentidão nos processos. Enfim...
Independente de qualquer coisa, desde que eu e o Sr. R nos separamos quase que quinzenalmente ele via nossa filha, sempre com a mala da mãe dele junto. Porque ela é mala? Porque foi ela que acabou com o meu casamento... sempre colocando o filho num pedestal que nunca existiu... logo ele nunca cresceu e casou pensando que ia brincar de casinha...enfim... Como de praxe, ele me ligou numa sexta-feira para ver a nossa pequena no domingo. E assim foi... faltando 15 dias para a festinha de aniversário da minha pequena marcamos de nos encontrar. Dessa vez fui com a minha mãe, ficar sozinha com ele parecia o fim para mim... e não sei porque, algo me dizia que se eu ficasse sozinha com ele e a mãe dele (afinal de contas ele nunca ia sozinho nas visitas, SEMPRE a mãe dele estava presente) eles iriam usar isso contra mim.

Cena dos próximos capítulos

Marcamos um cinema, ele estava tão diferente... dois tímidos. Foi muito legal ter alguém que gosta da gente por perto, mas na sala de cinema muitas coisas vieram à tona e não consegui sequer dar um beijo nele, ficamos abraçados e nada mais. Senti-me mal, foi estranho ... não queria ter tratado ele daquele jeito. Na hora de ir embora dei um selinho nele e percebi que ele ficou emocionado, pedi a ele paciência comigo. Quando cheguei em casa liguei para ele, pedi desculpas pela noite passada e o convidei a vir na minha casa no dia seguinte. A primeira visita dele para mim depois de tanto tempo... e na despedida um beijo de verdade. Foi lindo!!!!
A minha história com o B que acabou de começar, prefiro nem relatar agora... serão as cenas dos próximos capítulos!rs

Abrindo o jogo

Conversei com um amigo nosso em comum, que sabe da minha sorologia, e ele falou para que eu não me preocupasse. Eu estranhei a tranqüilidade de ambos: do meu amigo F e do amigo/pretendente B. Tentei arrancar mais informações e foi nessas tentativas que o F falou que o B já sabia de tudo desde quando o meu ex-marido saiu de casa pela primeira vez.
Agora vou explicar como eles ficaram sabendo disso. Meu ex saiu de casa a primeira vez na véspera do meu aniversário lembram? Bom... esse meu amigo F sempre vem na minha casa no dia do meu aniversário, e naquele ano não seria diferente. Ele veio, eu estava super mal e num momento de desespero e desabafo acabei falando toda a historia para ele inclusive do HIV. Ele me deu apoio mas ficou muito triste, pasmo e sem cor para ser mais explícita e não o culpo, na verdade acho normal agora e fico só esperando a reação futura…enfim, com uma historia chocante dessas para ele, ele precisou falar com alguém a respeito e esse alguém foi o melhor amigo dele na época (que era nosso amigo no colégio) o B.
Fiquei feliz e aliviada. Não tinha que contar esperando uma provável rejeição. Ele já sabia de tudo e queria ficar comigo mesmo assim.

Chance

Depois de quase dois meses um antigo amigo do colégio voltou a entrar contato comigo e se declarou para mim, falando o quanto sempre gostou de mim e me pediu uma chance. Para ele minha filha não era problema e sim solução, segundo palavras dele mesmo. Aquilo aumentou minha auto-estima e meu medo, afinal eu não tinha só uma filha e sim um vírus também. Fiquei animada, mas não quis tentar nada antes de ter certeza que meu ex-marido não quisesse reatar.
Antes da primeira quinzena de outubro eu perguntei para o Sr. R se ele tinha certeza do que estava fazendo e ele disse que sim. Perguntei se ele queria que eu desistisse dele e ele pediu para que eu desistisse, “por favor”- foi assim que ele disse. Então, assim foi. Desde então não tentei reatar com ele e parti para outra. Resolvi dar a chance que meu amigo de colégio pediu e já estava me preparando para falar para ele do HIV.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tortura

Com o passar dos dias as coisas foram piorando... me sentia cada vez mais sozinha e ele sempre me tratava muito mal quando eu ia entrar em contato. As saudades ou a solidão... a falta de alguém ao meu lado a noite estava me matando. Mas fui ficando cada vez mais ligada a minha anjinha. Ele queria ver a Rafa e eu levava, mas era torturante. Eu sempre tentava firmar algum tipo de relacionamento com ele mas ele sempre fugia ou era ignorante.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Eu e ela, ela e eu...novamente e definitivamente?!

20 de setembro de 2008 – ele vira para mim e fala : ‘vou embora, só estou esperando a Rafa acordar’, e eu repliquei: ‘pra que? Para se despedir e deixar a menina triste de novo?’ e ele: ‘ não, porque quero acender a luz para pegar minhas coisas que estão no quarto’; isso partiu meu coração. Não deu cinco minutos minha filhota acordou, ele estava arrumando as coisas para ir embora, eu inconformada liguei para a mãe dele que disse friamente para mim que já sabia que ele ia embora de casa porque não agüentava mais viver em crise. Detalhe: todo mundo sabia que meu casamento estava em crise, menos eu. Na hora de ir embora ele deu um beijo na Isa e me deu um beijo demorado, limpou minhas lagrimas e falou que ia embora mas não deixaria de pagar as contas e nos ajudar como estava fazendo. Que triste foi aquilo.
Admito que fiquei triste, porque eu fiz todo um sacrifício por ele, abri mão de muita coisa por ele e por mim claro...mas mais por ele, porque se fosse pela minha saúde eu poderia esperar...enfim... eu estava muito triste mas ao mesmo tempo aliviada. Estava com medo de perder minha filha para ele e de ficar sozinha... esse sim era meu único medo. Pelo menos naquele primeiro instante.

Cansei!!!

Depois de muita insistência ele voltou! Mas muito diferente... cheio de si... mas era meu marido, pai da minha filha, eu tinha que tentar! Ele e meus pais não se falavam, eu ficava no meio de um fogo cruzado que só me machucava. Virei escrava da situação... me reprimi, não me expressava mais, fazia tudo sozinha e não brigava nem reclamava mais por nada só para que ele não tivesse desculpas para nos abandonar de novo. Chegou um momento que eu não agüentei mais...fiz o impossível até que consegui: ele e meus pais voltaram a se falar. Claro, que nada mais era como antigamente. Mas pelo menos o fogo cruzado sessou e consegui sorrir de tranquilidade novamente.
E assim fomos levando, ele continuava meio estranho mas suportável...culpava o cansaço e eu acreditava. Só que tudo começou novamente: a indiferença, ausência de diálogos...carinhos, o olhar vazio! Aquilo me deixava louca, e sempre que achava que ia explodir corria pra casa da mãe e ela me orientava a manter a calma e tentar conversar e era isso que eu fazia, mas era inútil... E como tudo na vida tem limites aquela situação também teria... a indiferença dele e da família dele comigo já estava insuportável. Cheguei nele e perguntei porque ele não conversava mais comigo e porque estava me destratando... o nervosismo dele foi tanto que até para a parede sobrou um soco e eu fiquei sem entender. Estava tão confusa com tudo aquilo que cheguei a perguntar se ele estava fazendo tudo aquilo para voltar para a casa da mãe dele e ele disse que não, que não queria voltar para a casa da mãe dele porque me amava e amava a filha dele e queria que vivêssemos juntos e felizes. Hahaha... eu acreditei... pura ilusão. Depois dessa conversa pensei que estávamos bem... não deu uma semana para receber novamente a noticia trágica: “amanhã estou indo embora, cansei! Estou vendo minha vida passar diante dos olhos e não estou curtindo nada”. É dessa vez ele foi esperto... avisou que ia embora na sexta-feira. Entregou-me a aliança falando que era um presente.

Desespero

Véspera do meu aniversário: por incrível que pareça depois de uns dias desse entendimento ele chega em mim e me avisa que no fim de semana próximo iria embora de casa pois não sentia mais nada por mim. Estava de pijama deitada na cama com a minha filha, mal levantei e perguntei para ele se havia outra pessoa e ele disse friamente que não só queria ir embora porque estava cansado de brigas e de mim.
No desespero, levantei-me peguei minha filha e fui para a casa dos meus pais e relatei aos prantos o que estava acontecendo. Nisso meus pais foram tirar satisfação e ambos começaram a trocar ofensas, meus pais falaram que ali não era pensão e que se ele queria sair de casa que saísse aquele dia e assim ele o fez. Sem pensar duas vezes nos deixou e admitiu ser frio e calculista, afinal estava fazendo tudo aquilo com quem lhe confio a vida e bem na véspera de aniversário. Eu perdi meu chão... abandonada pelo marido, sozinha com uma filha de 3 meses. Não queria fazer nada, mal conseguia cuidar da minha filha...ficava deitada pensando numa forma de trazê-lo de volta. Liguei inúmeras vezes, pedi perdão feito uma condenada e implorei para que voltasse e me desculpasse pelas brigas desnecessárias.

Sozinha...?

Eu estava uma pilha, por que um filho é muita responsabilidade e eu nunca podia contar com o Sr. R. Todo aquele pique que ele tinha no começo não existia mais... vivia dormindo pelos cantos e nem compania conseguia me fazer. A solidão e a responsabilidade começaram a me deprimir, e vivíamos sob brigas. Ele parou de me dar atenção e mal olhava nos meus olhos... dialogo não existia mais tanto que chegamos a nos comunicar por carta. E a carta resposta dele não foi a das mais educadas. Chegou um dia que não agüentava mais aquela situação e o chamei para conversar, pedi uma trégua e tentamos ficar de boa. Estava tudo muito bem, parecia que agora estávamos nos entendendo novamente.

Aff...

Passado alguns minutos fui para o quarto, não podia falar nada com ninguém. Fiquei no quarto sozinha por um tempo ate que foi liberada a entrada. Esperava minha mãe ou meu marido... adivinha quem entra primeiro que todo mundo?
Minha sogra e a vizinha dela, a pessoa que não queria que eu casasse com o filho dela e muito menos tivesse um filho com ele entra no meu quarto primeiro que minha própria mãe e marido, praticamente se joga em mim me agradecendo pela neta. Aff... fora que me encheu de perguntas e eu nem podia falar. Logo entra meu maridinho e minha mãe... chorei tanto... queria tanto ver minha filha, mas ainda n ao podia. Ela só foi pro quarto por volta das 21h30, e eu só peguei ela no colo depois das 22h. Os dias na maternidade fora horríveis... muita dor da cesárea e de gases. Quando voltei para casa não foi diferente... era véspera de ano novo e eu estava no hospital porque mal conseguia respirar de tantos gases que eu estava. Mas depois de uns dias as coisas foram normalizando, em compensação meu casamento... ia de mal a pior!

Paranóias...

No fim da gravidez comecei a ter certas paranóias ... morria de medo da anestesia.
Dezembro de 2007...Nossa... era um mix de ansiedade, tensão... eu estava com um barrigão e depois de algumas horas não estaria mais e minha filha estaria do meu lado. É impressionante o dom da vida!
Entrei na sala de cirurgia me preparam e eu estava aflita. Ficava perguntando pelo Sr. R e quando ele apareceu eu cai aos prantos... chorei muito e ele ficou ao meu lado segurando minha mão.
14h59min: nasceu minha anjinha!!! Tão sossegadinha... não queria sair de jeito nenhum, tiveram quem empurrar minha barriga. Eu chorava muito, só queria dar um beijo nela mas ela não ficou muito tempo comigo, tiveram que levá-la para tomar logo o banho e diminuir a probabilidade de contagio. Logo depois que a levaram o Sr. R também teve que sair. Fecharam a cesárea e fiquei sozinha por alguns minutos... horrível isso. Não gostei de ficar lá sozinha... queria ver minha filha, queria minha mãe, queria me sentir segura com alguém do lado.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"Parabéns mamãe..."

Num sábado bem cedo estávamos eu, Sr. R e meus pais no laboratório, anciosos para o ultra-som. E depois de muita espera, o resultado:"Parabéns mamãe, é uma menina!!!!". O Sr. R não esboçou muita felicidade mas eu fiquei maravilhada, assim como os meus pais. Lembro que até brinquei com o Sr. R pra ver se ele se animava : ‘só porque queria um menino para ser meu puxa-saco vai vir uma menina para ser a sua puxa-saco’ foi em vão. Mas nem liguei muito, afinal meu sonho era uma menina e agora eu sabia que eu era mãe de uma garotinha.
Do laboratório fomos a algumas lojas comprar roupinhas. Eu curti muito!
Depois dessas compras veio os preparativos para o chá de bebê... fiz tanta coisa...com tanto carinho! Foi muito gostoso... curti muito minha gravidez e cada detalhe. Afinal não sei se poderei ter a felicidade de gerar outro bebê. As vezes passo a mão na minha barriga e sinto falta de quando minha filhota era tão pequenininha e ainda estava dentro de mim.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Retrovirais

A partir da décima quarta semana de gestação comecei a tomar retroviral para tentar negativar o bebê da sorologia depois que nascesse. Não tive problemas, nem com o AZT nem com o BIOVIR, tolerei muito bem e nunca passei mal por causa deles, a única coisa chata era ter que tomar no horário, mas no geral foi sossegado.
Depois que engravidei mal tive relações sexuais com o Sr. R mas ele parecia entender. Nunca exigiu sexo, mas eu me sentia mal...porque sabia que ele como homem sentia falta. Depois de umas semanas vi que o Sr. R estava afundado em dividas e nossa situação financeira foi piorando cada vez mais, até um ponto que estávamos vivendo as custas dos meus pais. Era horrível, mas assim fomos levando... com o tempo compramos as coisinhas para o bebê e não víamos a hora de saber o sexo. Eu queria muito uma menina, mas se viesse menino ficaria feliz também, afinal os meninos são mais ligados a mãe, enquanto ele queria muito um menino mesmo. Fiz dois ultra-sons e nada de saber o sexo... sou muito anciosa e não agüentei esperar pelo próximo e resolvemos pagar um ultra-som a parte para descobrir o sexo. Lembro que comi muito chocolate para deixar o bebê elétrico e não com as pernas fechadas...é cada coisa que a gente aprende.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Positivo!

Passou mais uns dias e não sei porque, mas pedi outra guia de exame... e dessa vez o resultado foi POSITIVO!
Ate que enfim um resultado positivo que nos traria alguma felicidade... queria tanto que minha madrinha estivesse conosco.
Meus pais, eu e o Sr R. ficamos muito felizes. Agora era hora de acelerar o casamento. Não queríamos casar com um barrigão enorme. Queríamos provar para todos que estávamos casando por amor e não por gravidez indesejada. Mesmo porque essa gravidez era muito desejada por nós... uma conquista linda.
A familia dele já não estava entendo o porque de casar tão cedo e agora queríamos acelerar ainda mais... não teve jeito e ele teve que contar o porque. Quando eles descobriram da minha gravidez que ficaram sem chão, inconformados... achavam um absurdo eu querer conceber uma criança ‘doente’...aff...que pensamento limitado! Mas não tinha mais o que ser feito. E eles nada poderiam fazer... então aceitaram sem querer aceitar. Lembrando que os únicos da parte do Sr. R que sabiam da sua sorologia eram sua mãe, irmãos, e seu melhor amigos apenas... enquanto eu...hehehe... quase todos que me rodeiam sabem: meus pais, irmão, tios, e alguns amigos mais chegados.
Estava marcado: iríamos nos casar em junho. A casa ficou pronta em cima da hora... ainda me lembro da sensação de enjôo ao sentir o cheiro daquele material de construção...arght!!!
Lembro que no dia do casamento eu estava com quase dois meses de gestação... um dia frio e chuvoso. Foi tudo muito humilde mas muito legal, só pra variar.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Decisão...atitude!

Alianças de noivado compradas... estava decidido: vamos noivar e casar! Mas e casa? Vamos morar onde?
Pronto... ferrou! Meus pais viram nossa cara de preocupados e sugeriram de dividirmos o terreno deles e construir nossa casa. O Sr. R amou a idéia, eu nem tanto. Nunca achei uma boa idéia um casal morar no mesmo quintal que os sogros independente de qual parte seja. Mas o tempo estava passando e o prazo diminuindo. Sr. R conversou comigo e acabamos que concordando com a idéia dos meus pais. Nos endividamos até o pescoço mas compramos o que era preciso para construir nossa casinha e contratamos os profissionais para executar o serviço.
Abril... meu aniversario chegando. Estava sem dinheiro então só teve um bolinho mesmo... e para a minha surpresa o Sr. R me pede em casamento... noivamos no dia do meu aniversario. Foi tudo muito humilde mas muito legal. Nesse dia que a mãe dele descobriu os nossos planos porque ela viu os materiais de construção e ele acabou contando. Ela não pareceu muito feliz, isso porque ela nem sabia que estávamos fazendo isso para ter logo nosso bebê.
No fim da festinha chamei o Sr. R e falei que em alguns dias entraria em meu período fértil e que achava que era nossa chance de tentar engravidar. Ele ficou super empolgado, mas eu o alertei que seria uma tentativa e que se tivesse que ser seria. Marcamos o dia... me lembro até hoje 16 de abril.
16 de abril de 2007... por volta das 20h nosso bebê estava sendo concebido e mal sabíamos. Cada um seguiu para a sua casa... estava anciosa. Mas era preciso esperar um tempo. Já estava até me vendo de barrigão...Não agüentei e acabei pedindo para a minha medica uma guia de exame de sangue para saber... fiz... e o resultado deu negativo.... fiquei muito triste. Me coloquei numa situação de risco tão grande para nada.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Decidida!

Bom...eu surtei. Não sabia se estava preparada para isso. Estava no segundo ano da faculdade. Meus planos eram: terminar a graduação, noivar, juntar dinheiro para um enxoval legal e quem sabe uma casa, nesse meio tempo adquirir um carro e aí sim casar e ter filhos. Mas agora tudo teria que ser antecipado por causa de um vírus! Será que eu queria isso mesmo?
Quais seriam minhas prioridades agora? Será que o Sr. R é o homem da minha vida a ponto de casar e ter filhos com ele?
“Meeeeeeeeeu Deus...socorro! Preciso pensar... estou confusa!!!”
Essa confusão na minha cabeça não durou muito tempo. Cheguei um dia em casa aos prantos e avisei minha mãe que estava indo para a faculdade trancar minha matricula. Ela ficou preocupada por causa da minha bolsa de estudos mas eu falei para ela que a graduação podia esperar... a maternidade não. Liguei para o Sr. R para que ele me encontrasse na facul. Assisti a primeira aula, chamei uma grande amiga e avisei que era a ultima aula que eu estava assistindo e que seria muito ruim se despedir de todo mundo (avisei essa amiga e não o Vi porque ele parou o curso antes de terminar o primeiro ano, mas continuamos grandes amigos até hoje). Ela não estava entendendo nada, até começou a chorar comigo mas queria saber o porque... não sei porque, mas acabei falando pra ela: ‘M. é que eu sou soropositiva e o Sr. R também, mas ele esta ficando mal e daqui a pouco não teremos mais a chance de termos um filho. Vou parar o curso para tentar a maternidade’. Eu pensei que ela até teria nojo de me abraçar depois dessa, mas não... ela continuou chorando, abriu um sorriso e me deu um abraço apertado e me desejou sorte. Foi muito legal... outra amiga que posso contar!
Despedimo-nos e fui ao encontro do Sr. R. Segui até o departamento da facul responsável por trancar as matriculas e fiz o que achei certo fazer. Fomos para a minha casa e perguntei ao Sr. R se ele queria mesmo ter um filho comigo mesmo a familia dele reprovando e ele disse que sim. Então impus minha única condição: casamento. Não sei porque mas impus isso, não queria ser mãe sem estar casada, não queria que as pessoas pensassem que casei só porque estava gravida. E ele falou: demorou! Avisamos os meus pais da nossa decisão e eles ficaram felizes... a partir daqui minha vida iria mudar completamente... muitas felicidades e muitas decepções e tristezas!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Surto materno..

E com o decorrer das semanas minha madrinha estava piorando, mas sempre nos dando apoio.
Depois de umas semanas minha mãe surtou... teve um surto de inconformismo. Não se conformava do Sr. R ter me contagiado e ter-se feito de coitado e passado como o namorado bonzinho que aceitou a namorada soro-positivo... não se conformava d’eu ter conversado a respeito com meu amigo de faculdade primeiro do que com ela. Foi muito difícil esses dias... restabelecer a confiança da minha mãe comigo foi mais difícil ainda. Mas deu tudo certo.
Minha madrinha piorou e ficou internada, minha mãe ficava com ela fazendo-lhe companhia e eu acabei cuidando da casa com meu pai e irmão. Mas isso não durou muito tempo... minha madrinha não aguentou e acabou falecendo. Foi uma perda irreparável, até hoje ela faz muita falta para todos nós.
Nesse meio tempo muitas coisas vieram a tona nas consultas com a minha infectologista e tudo me deixou muito confusa e assim acabei surtando. Os resultados dos meus exames eram ótimos mas o Sr. R estava ficando cada vez pior. Nisso veio o assunto: gravidez; e minha infecto nos esclareceu (eu e minha mãe que sempre me acompanha nas consultas). Ela disse que eu estava num ótimo período para engravidar mesmo sendo soropositiva, pois assim teria mais chances do bebe negativar, e que se o meu parceiro continuasse com o CD4 baixando e a carga viral aumentando chegaria o momento dele tomar os retrovirais e não seria muito seguro eu manter relação sexual com ele sem camisinha para tentar engravidar; porque o meu corpo receberia o virus dele e o mesmo sofreria mutações o que poderia ser prejudicial para tentar negativar o feto. Conversei com os meus pais a respeito e eles super aprovaram e apoiaram. O Sr. R ficou muito feliz, porque para ele, ele nunca poderia ter filhos e até iria falar com a mãe dele a respeito. A mãe dele, assim como os irmãos, foram contra, achavam um absurdo a gente querer colocar no mundo mais um ser doente. E eu???

quarta-feira, 24 de junho de 2009

1º vez...

Que mês mais turbulento. Tudo vindo a tona ao mesmo tempo...
Estava quase tudo entrando na normalidade... estava trabalhando como sempre, ralando na faculdade, mas uma coisa me incomodava... omitir para os meus pais a forma como me contagiaram.
Em um final de semana, estava eu e o Sr. R no quarto e minha mãe na sala, nesse dia finalmente o convenci de contar tudo para a minha mãe pelo menos. Chamamos minha mãe ao quarto e contamos tudo para ela. Ao contrario do que ele esperava, minha mãe agiu de uma forma positiva. Ficou triste pela nossa omissão, mas ficou mais aliviada ao saber como eu havia me contagiado. O Sr. R ficou surpreso, ele não esperava que minha familia reagisse da forma que reagiu. Depois de esclarecer tudo com a minha familia não demorou muito eu e o Sr. R decidimos ter a nossa primeira relação sexual. Por incrível que pareça perdi a minha virgindade com ele. Para mim foi mágico, naquela época né... hoje não sei como definir essa experiência.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Descoberta de uma mosca branca!

Falei com o meu chefe, expliquei a situação e naquele dia mesmo alem de ter chegado mais tarde ia sair mais cedo para coletar sangue de novo. O resultado saiu em dois dias e positivo. Não teve jeito... estava confirmadissimo: eu sou portadora do vírus HIV. Com essa confirmação em mãos, fui a consulta com a infectologista que minha madrinha arranjou e como eu não tinha convenio tive que pagar a consulta. Ela me examinou e fez as perguntas de praxe: se eu namorava, se mantinha relações sexuais, se usava drogas, se compartilhei agulhas e se já tinha recebido sangue em algum procedimento cirúrgico. Acho que a única resposta positiva foi em relação ao namoro. Ela estranhou muito porque pelo que estava falando para ela não tinha como eu ter me contagiado. Foi ai que ela pediu licença aos meus pais e eu acabei falando do Sr. R e do beijo com sangue e das minhas aftas. A Dra. falou que nunca havia visto caso parecido, e que eu era uma mosca branca. Depois de tudo esclarecido com a medica, meus pais entraram a sala de consultas novamente e ela me encaminhou para um Centro de Referencia de HIV e DSTs. Meus pais não gostaram muito do tempo em que fiquei sozinha com a medica, acharam estranho, afinal nunca escondi nada deles mas desconversei.
Nessa noite, falei com o Sr. R. e nada de mais. Ele me falou o que estava falando há semanas, porém eu deixei claro para ele que não agüentaria enganar meus pais por muito tempo, afinal para eles o Sr. R não tinha nada e eu poderia coloca-lo em risco. O Sr. R ‘entendeu’ mas pediu um tempo para que eu contasse. Já meus pais estavam preocupados com ele, como ele reagiria a tudo isso agora que já estava tudo confirmado, mal eles sabiam que o Sr. R é quem havia me contagiado. Essa semana foi tão estressante que meu pai cogitou formas de contagio absurdas...ate para o dentista ele apelou... minha madrinha pensou que foi no dia em que eu coloquei o piercing no nariz e ela se sentiu culpada afinal ela quem me deu a jóia e tudo mais.
Nesse meio tempo o inesperado para o Sr. R aconteceu, a mãe dele ‘arrumando’ a mochila dele viu os exames de HIV. Ela descobriu a sorologia do filho da maneira mais trágica possível. Ele ficou super mal, porque não queria que a mãe dele descobrisse, ainda mais daquela maneira. A mãe dele por sua vez ficou preocupada em relação a minha pessoa, ficou com ‘medo’ que ele me contagiasse e minha familia os processasse. Mal ela sabia, que enquanto ela estava descobrindo a sorologia do filho eu e meus pais estávamos correndo atrás de um plano de saúde que tivesse menor tempo de carência para doenças pré-existentes, por causa do vírus que o filho dela já havia me transmitido.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Quanta desgraça junta!

Falei com a minha mãe que achou tudo aquilo muito estranho, mas tinha ainda um fio de esperança. A noite, com meu pai em casa, todos nós conversamos. Eles não conseguiam entender mas não queriam se preocupar antes da hora... antes de termos a absoluta certeza com o resultado da semana seguinte. Minha mãe chegou a perguntar se o Sr. R sabia de tudo isso que estava acontecendo e eu falei que sim e que ele estava me apoiando muito. Que ironia, mal ela sabia que estávamos passando por tudo aquilo graças ao Sr. R.
Uma semana depois e tudo outra vez. Madrugar, pegar carona. Só que dessa vez minha mãe decidiu ir junto então o V. não foi comigo. Chegamos no hospital, aguardamos um pouco e o médico nos chamou, falando que era certeza que eu era portadora do vírus HIV e que eu tinha que procurar um infectologista o mais rápido possível para verificar carga viral e CD4 e assim saber se eu precisaria de retrovirais ou não. Eu já esperava tudo aquilo, fiquei triste mas não tanto quanto a minha mãe, que estranhou a minha reação perante a tudo aquilo.
Voltamos, minha mãe foi para casa e eu para a empresa. Mal eu sabia, mas enquanto eu conversava com o Sr. R minha mãe estava ao telefone também conversando com o meu pai. No instante em que meu pai recebia a noticia da minha sorologia pelo telefone, minha madrinha (aquela tia minha, irmã de meu pai que estava com câncer) chegara ao local de trabalho do meu pai e viu que ele estava até sem cor, de tão chocado com o que acabava de ouvir. Meu pai triste com tudo aquilo acabou desabafando com a irmã. Meu Deus... quanta ‘desgraça’ junta! Não demorou muito minha madrinha me ligou e antes de qualquer coisa ela falou que sabia de tudo e que me daria o maior apoio. Não tive outra reação se não a de chorar... choramos muito ao telefone, e falei para ela que não queria que ela se preocupasse comigo e que se cuidasse. Mas, muito teimosa, ela teve que ajudar... e ajudou muito enquanto pode. Naquele mesmo dia ela já estava a procura de uma consulta particular com um especialista. Voltando ao meu pai... naquele mesmo dia do diagnostico ele me ligou na empresa onde trabalho e me falou que não estava acreditando e que queria fazer o exame em um laboratório particular para ter certeza mesmo. Eu achei meio absurdo, porque no fundo eu sabia até quem tinha transmitido aquilo, mas não tive como contrariá-lo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Que droga!!!!!!

Chegou o dia, acordei junto com o meu pai e ele me deu uma carona, me desejando sorte e falando que ia dar tudo certo. Que droga mentir para os meus pais...que droga! Me arrependo disso até hoje.
Mas... Voltando... encontrei com o V. no metrô e de lá seguimos. A medica responsável me avisou que tinha dado sorologia positiva, mas não indicava qual, por isso eles pediam o exame, para ter certeza qual o vírus que a pessoa tinha. Sangue coletado, protocolo de coleta guardado... era preciso esperar alguns dias para o resultado. Eu teria que voltar lá para pegar o mesmo... como eu ia falar com o meu chefe a respeito eu ainda não sabia. Mas... era preciso! Avisei o meu chefe, e contei com a sua compreensão, ele não me pareceu muito feliz mas ‘autorizou’ minha chegada mais tarde na semana seguinte.
Faltava um dia para pegar o resultado do exame.
Não comentei muito do Sr. R. nesses trechos porque a atitude e reação dele a respeito era sempre a mesma: me dava apoio, carinho e bitocas e pedia para que eu nao contasse dele para mais ninguém.
Mais um dia madrugando, mais uma carona com meu pai, mais um encontro cedo com o V. no metro. Chegamos ao hospital, a médica me chamou e falou que tinha dado positivo para HIV. Eu fiquei mal mas meio que já esperava aquilo. A Dra. também me alertou que eu teria que fazer mais um exame, com outro tipo de reator, para termos absoluta certeza de aquilo não era um falso-positivo, e eu fiz. Mais uma coleta... mais uma futura conversa com os meus pais. Chorei e o V. me deu muito apoio, Sr. R me ligou e pediu para que eu mantivesse a calma que tudo ia dar certo.
Fui para a empresa e decidi falar com a minha mãe na hora do almoço, assim ela conversaria com meu pai no decorrer do dia. Avisei o meu chefe que na semana seguinte chegaria mais tarde novamente. E de novo vi cara feia.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dez dias se passaram...

...enfim chegou o resultado. Como eu estava esperando, infelizmente, eles não podiam aceitar meu sangue por constar sorologia positiva. Eu estava lendo ainda quando o V. me ligou falando que a carta dele chegara e estava liberado, pelo meu silencio ele havia percebido que minha carta não tinha sido tão boa quanto a dele. Bateu-me o desespero. Liguei para o Sr. R e falei. Perguntei a ele como iria contar aquilo para os meus pais sem falar dele, não queria mentir nem esconder nada dos meus pais como fez o Sr. R., eu não conseguiria seguir com um fardo tão pesado sozinha. Ele me pediu força e sigilo quanto a ele, falou que eu não estava sozinha e que ele estaria junto comigo. Falei que ia tentar e depois falava com ele.
Na hora do almoço falei com a minha mãe. Disse que o hospital havia rejeitado meu sangue e me convocado para fazer alguns exames. Ela me perguntou o porque e eu falei que tinha dado alguma sorologia positiva. No começo ela achou que fosse brincadeira minha (quem dera fosse) eu até dei uma risadinha mas a alertei que não era e que era melhor ela estar esperando algo não muito bom. Ela sorriu e falou: ‘fica tranqüila filha. Deve ser algum falso-positivo. Volta lá e faz os exames’. Tadinha dela, me senti horrível, porque algo me dizia que não haveria nenhum falso-positivo. Mas entendi sua fé e positivismo. No mês anterior ficamos sabendo que minha tia (irmã do meu pai) estava com câncer e entrou e metástase, estávamos todos muito abalados, porque tínhamos acabado de restabelecer fortes laços com ela depois de tanto tempo. E por isso vivíamos com pensamentos positivos lá em casa, principalmente por causa do meu pai que estava com muito medo de perder a irmã. Foi péssimo ‘iludir’ minha mãe, mas quando pensei contar me lembrei do pedido do Sr. R. e fiquei na minha (OUTRA DICA: NUNCA MINTA PARA OS SEUS PAIS, POIS ELES SÃO OS ÚNICOS COM QUEM PODERÁ CONTAR EM UMA HORA DE MAIOR DESESPERO).
Falei com o meu chefe e naquela semana mesmo eu chegaria mais tarde na empresa pois logo cedo iria para o hospital. Pedi ao V. que fosse comigo e ele topou, mesmo sendo muuuuito cedo.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Dia de balada...

Chegou sábado, logo de manha encontrei-me com o V. e fomos para o hospital doar o sangue. Não conseguia parar de tremer... embora não fosse minha primeira doação estava com medo. Passei pela triagem e a enfermeira fez as perguntas básicas e perguntou também se eu estava namorando. Quando disse que sim ela perguntou o nome do rapaz e eu falei. Ela buscou no banco de dados e lá estava ele: Sr. R. Ela falou o nome completo dele e eu disfarcei fingindo não saber quem era... eu perguntei o porque e ela me disse que constava algo a respeito daquela pessoa e se fosse o meu namorado mesmo eu não poderia doar. Minha consciência pesou, mas falei que ele não era meu namorado e prosseguimos. Fiz isso porque eu precisava saber se tinha algo ou não e como ao doar sangue eles são obrigados a fazer exames com o sangue doado decidi ir em frente. (NUNCA FAÇAM ISSO, É ERRADO E PODE PREJUDICAR O FUTURO RECEBEDOR DO SEU SANGUE, AFINAL O VIRUS DO HIV ENTRE OUTROS, TEM UMA ‘JANELA IMUNOLOGICA’ DE 3 MESES, OU SEJA, DENTRO DESSE PERIODO MESMO QUE VOCÊ ESTEJA INFECTADO EM QUALQUER EXAME QUE FIZER VAI CONSTAR QUE VOCE NÃO PORTA VIRUS ALGUM). Ficamos naquelas cadeiras para doar um do lado do outro, eu e o V. Estava tensa... a bolsa encheu. Tomamos o lanche obrigatório e fomos embora. Foi a maior correria nesse dia. Saí do hospital direto para casa para me arrumar, me ajeitei liguei para o Sr. R. e ele falou que estava no interior de SP a trabalho mas chegaria a tempo. A correria foi muita e ao mesmo tempo boa, porque me fez esquecer da bendita bolsa de sangue.
Fui cedo para a casa da minha amiga para apanhá-la e pegar o bolo. Perto das 21h já estávamos na porta da balada a espera de alguns amigos. Poucos foram porque chovia muito(como acontece em todas as minhas festas de aniversário): o V. chegou todo molhado e decidiu não entrar, o Sr. R. por sua vez nem foi... chegou em São Paulo as 23h e achou melhor não ir(affffffffeeeeeeeeeee)... quando mais contava com a sua presença ele não apareceu. Mas beleza...tentei não pensar nisso e curti muuuuuuuuuito aquela noite.
Mais uma semana tensa... a carta do hospital informando se o sangue foi liberado ou rejeitado não chegava de jeito nenhum. No serviço eu estava uma pilha de ansiedade, e na faculdade eu meu distraia muito com meus colegas de classe e atividades então era mais sossegado.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Domingo, .. de abril, véspera do meu aniversário.

Encontrei com o Sr. R. no dia seguinte. Foi um encontro muito carinhoso, ficamos por muito tempo abraçados e conversamos muito a respeito. Eu sabia de alguma coisa sobre o HIV mas não tudo. Ele me explicou que ele estava bem e que nem precisava tomar retrovirais ainda. Expliquei pra ele da minha necessidade de conversar a respeito com os meus pais, expliquei que eles entenderiam e não me impediriam de continuar o namoro. Mas ele não me entendeu muito bem, e como é muito teimoso, continuou a me pedir para não falar nada para minha família. Porem eu o alertei, que se meu exame desse positivo, eu não esconderia nada dos meus pais. O fato é que ele estava crente que eu não tinha nada, então meus pais nunca saberiam a respeito dele.
Meu aniversário caiu em uma segunda então nem houve muitas comemorações. Só uma pizza básica, a festa seria no sábado mesmo. A semana passou tensa, anciosa...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ressaca...

Cheguei em casa, tomei um café, um bom banho e fui para a cama logo depois que o Sr. R. me ligou avisando que chegara em casa. Demorou mas dormi. A tarde acordei meio tensa. Minha mãe notou mas disfarcei, só Deus sabe o quanto eu queria desabafar com ela. O V. me ligou, perguntou se o nosso encontro naquela tarde estava de pé e eu falei que sim e no meio da conversa ele comentou a respeito da filha de um amigo dele que precisava de doadores de sangue e perguntou se eu queria doar com ele na semana seguinte e eu falei que iria se ele fosse na minha festa de aniversário (sim... na semana dessa confissão era o meu aniversário), então estava combinado: 08 de abril iríamos doar sangue, voltar para casa e nos arrumar para a balada do meu aniversário. Tudo combinado, desliguei o telefone...não passou 05 minutos o Sr. R. estava me ligando para saber como eu estava e tudo mais e eu falei para ele que iria contar para o V. pois não agüentaria guardar uma coisa tão importante sozinha. Ele ficou meio ‘assim’ mas não me restringiu, só pediu para que não contasse para a minha família.
Saí e fui me encontrar com o V. numa praça bem legal aqui perto de casa. Abracei-o e comecei a chorar e contar tudo que o Sr.R. havia me contado e dos meus receios: sexo, gravidez, perda, etc. E declarei que estava sentindo que tinha deixado passar despercebido algum detalhe que naquele caso seria relevante e ele falou para tentar lembrar de cada encontro e o que aconteceu em cada um deles. Poutz!!!! Lembrei: a boca dele sangrou enquanto me beijava. (Lembram daquele detalhe que eu falei para se atentarem?). Nisso o V. me fala que não tem nada a ver, que HIV não pega no beijo só no sexo desprevenido e contato sangue/sangue. Daí foi minha hora de lembrá-lo que no contato sangue e ferida também há contagio e naquela época eu estava com muita afta. SILENCIO. Olhares preocupados se encontraram... liguei para o Sr. R. e ele ligou para a médica dele que falou que era uma chance em um milhão e que nunca tinha visto contagio dessa forma.
Bom... isso me aliviou e não aliviou. Tinha o apoio e ombro amigo do V., mas sentia falta do colo dos meus pais. Queria falar para eles mas Sr. R. não deixou. Fui me segurando. Fiquei desesperada, precisava fazer um exame mas não tinha dinheiro e nem sabia como recorrer a ajuda pública. O V. me pediu calma, me lembrou da doação de sangue que iríamos fazer e que se eu tivesse alguma coisa me avisariam

quarta-feira, 3 de junho de 2009

E que festa...

...o local era longe pra caramba. Nos perdemos, e decidimos pegar um táxi. Chegamos e a entrada estava suuuuper cheia, foi o maior sacrifício encontrar meu irmão e o resto do pessoal. Demorou mas entramos na balada. Curtimos daquele jeito... mas curtimos. Por volta das 5h da manhã fomos embora. Pegamos o ônibus, metrô e quando chegamos na estação próxima a minha casa ele me puxou de lado e pediu uma resposta. Na minha cabeça não tinha problema algum continuar com ele, afinal não tinha relação sexual com ele de nenhum tipo e não lembrava de nada que ele tenha feito para me colocar em risco. Eu sentia que gostava muito dele e falei: ‘Já disse que te amo e que jamais queria terminar com você e minhas palavras continuam as mesmas. Não vou terminar com você por causa de um vírus. É só a gente se cuidar!’. Ele se emocionou, me abraçou e me deu um beijo longo seguido de um EU TE AMO. Conversamos mais um pouco a respeito. Falei pra ele que pensava que ele era virgem até, afinal ele me respeitava até demais; e ele falou que nunca tentou nada por medo de contágio e que não queria transar comigo por um bom tempo até se sentir seguro. Aí eu falei que não podia ser assim, e que uma hora ia ter quer acontecer, mesmo porque eu não queria ser virgem para sempre e ele até riu! Primeiro sorriso espontâneo do dia! Mas o papo teve que ser cortado porque meu amigo e meu irmão estavam me esperando. Nos despedimos e ele foi para casa dele, mas nos encontraríamos no dia seguinte para conversar melhor. Subi pelas escadas rolantes aflita, precisava desabafar com alguém. Avistei o V. e não agüentei, comecei a chorar. Mas logo cortei as lágrimas porque meu irmão estava se aproximando. O V. percebeu meu desespero e combinamos de nos encontrar mais tarde e ele foi embora. Meu irmão chegou pra gente ir embora mas percebeu que eu tinha chorado e eu desconversei. Eu queria contar tudo para ele, mas não o fiz em respeito ao Sr. R., porque ele estava com medo da reação da minha família e pediu para que eu não contasse nada a ninguém.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sexta-feira...

...dia da festa dos calouros, véspera do 1º de abril. Meu irmão tinha ido para a festa com outros amigos e íamos nos encontrar lá. Eu e o V. saímos da última aula e fomos direto para o metrô, tomando nossas latinhas de chopp de vinho, para encontrar meu namorado – o Sr. R. Chegamos lá os apresentei e percebi que ele estava com uma cara triste. Já tinha falado com o V. então logo depois da apresentação meu amigo nos deixou sozinhos. E eu sorrindo falei: ‘vai amor, qual é a pegadinha de 1º de abril. Não teve graça você brincar comigo daquele jeito, quase tive um treco!’. Mal tinha acabado minha frase e notei uma lágrima escorrendo pelo rosto do Sr. R. Bateu o desespero e eu comecei a perguntar ‘o que foi? Me conta logo o que tem pra contar!’ E nisso, ele me segura pelos braços fala que me ama muito e que entenderia se eu quisesse terminar, outra lágrima escorreu, ele olhou nos meus olhos e falou: “ T. eu tenho HIV!”. Minhas pernas amoleceram, quase desmaiei, eu comecei a chorar muito e ele me deu um forte abraço. E as perguntas de praxe começaram a sair: ‘Mas como isso aconteceu? Com quem foi? Você me traiu? Quem sabe disso? Porque não me contou antes?’ ... Ele me pediu calma e foi respondendo: “Fui numa casa de prostituição e a camisinha estourou quando eu estava com a prostituta. Nunca te trai e nunca trairia porque te amo. Não te contei antes porque eu não tinha certeza se tinha mesmo. E só meu melhor amigo, minha médica e você sabem.” Perguntei se ele voltou ao lugar para notificar a prostituta e ele falou que não e nem faria porque não gostava de falar nisso. O tempo foi passando e estava ficando tarde. Meu amigo já estava aflito. Ele me perguntou se eu iria continuar com ele mesmo assim e eu falei:’amor, o V. já ta nos esperando há um tempo. Vamos pra festa e depois eu te falo o que vai ser de nós.’ E assim foi! Ele pegou na minha mão, fomos até o meu amigo, que percebeu que algo não estava bem, e de lá seguimos para a festa.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Em janeiro de 2006...

...eu tive a confirmação da bolsa de estudos na universidade, no curso Tradutor e Intérprete. Fiquei muito feliz e ele receoso. Pensou que eu ia achar alguém mais interessante e terminaria com ele só porque ele não tinha cursado e nem estava cursando nenhuma faculdade. Pura besteira... pois eu sou muito fiel aos meus parceiros.
Passado três meses, os veteranos organizaram uma festa numa casa noturna para os calouros. Claro que o chamei e estava tudo combinado e iríamos com meu irmão, uns amigos da minha época de colégio e um amigo que tinha acabado de conhecer na universidade, o Victor.
Semana da festa, e por coincidência, semana do 1º de abril (dia da mentira) – o Sr. R. começou a me mandar umas mensagens estranhas do tipo: “Preciso te falar algo muito importante!” – “Tenho um problema de saúde que ainda não tem cura”. Nossa quase tive um treco... pensei: ‘Pronto! Meu príncipe encantado tá com câncer e à beira da morte.’ Que semana... como chorei!!! Mas depois vi que sábado seria 1º de abril... dia da mentira!!! Um alívio, tinha quase certeza que ele estava fazendo uma pegadinha comigo! Até tinha desencanado e quando ele meio que me lembrava do assunto eu nem dava muita bola...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

04 de dezembro de 2005...

... o início de uma relação que eu pensava ser um conto de fadas. Mas como conto de fadas é só um conto, logo a fantasia acabou e a realidade veio nua e crua.
Tudo era lindo... ele era perfeito: me tratava muito bem, sempre muito educado, muito carinhoso e dedicado. O probleminha era a mãe dele que não aprovava nosso relacionamento. Ele me dizia que ela era muito ciumenta, que depois que seu pai havia saído de casa ela estava ainda mais ligada a ele fora que ele nunca tinha namorado ninguém e essa idéia dele namorando e ficar as tardes dos domingos e/ou sábados fora de casa não a agradava muito. Como estávamos no começo do namoro, sugeri que terminássemos, afinal estávamos no começo e assim nenhum dos dois se machucaria. Ele logo me cortou, falando que não queria e se fosse por ele não haveria término de namoro algum e que a mãe dele tinha que aceitar e se acostumar com a idéia. Sendo assim, continuamos o namoro.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Dezembro de 2005...

...num cinema de um shopping de São Paulo, não muito perto nem muito distante. Era um domingo, nem muito quente nem muito frio.
Como eu estava sem graça. Meu Deus...sentindo-me a pedófila, fora que ele era do meu tamanho e mais magro que eu... que situação! Escolhemos o filme, na verdade um desenho!!!hehehehehe A sessão estava com mais crianças do que adultos, mas sentamos em um lugar meio que isolado. Demorou um tempo até sair o primeiro beijo... e nem foi lá aquelas coisas, cheguei a pensar que ele nunca tinha beijado. Daí pensei: ‘ele disse que não quer nada sério...então dou um beijo apaixonante ou um beijo normal???... Vou de apaixonante’. A sessão acabou, ficamos um pouco na estação de metro, pegamos o metrô e ficamos no mesmo vagão por algumas estações e ele não desgrudou. Chegou a estação dele, ele desceu e eu fiquei, mas a despedida foi com um beijo bem prolongado.
Em pé no vagão, outro pensamento: ‘Legal! Saí, assisti a um filme engraçadinho e dei uns beijinhos. Pra um domingo até que tá bom!’. Mal acabei de pensar isso vibra o meu celular, mensagem de Sr.R.: ‘Não paro de pensar em você. Já estou com saudades. Beijos.’. Novo pensamento: ‘hehehehehehe, o beijo apaixonante deu resultado! Hehehehehehe’.
Estava quase chegando em casa, toca meu celular, era ele falando que já chegara em casa, perguntou onde eu estava e declarou que estava com saudades já e queria me ver novamente. Eu meio que desconversei, não sabia se era aquilo que queria, mas acabei não resistindo e depois de dois dias já estávamos com outro encontro marcado. Em um desses encontros estávamos abraçados conversando e fomos nos beijar, no meio do beijo senti algo estranho... gosto ferroso. Parei e vi que a boca dele estava sangrando muito, o alertei e limpamos nossa boca externamente e acabamos que engolindo aquele sangue todo. Perguntei se estava tudo bem e ele falou que sim.(Atentem-se a essa parte da história e um detalhe: eu tenho grande problema com aftas, principalmente no último trimestre do ano...sabe se lá porque. Nenhum médico soube me explicar isso até hoje).
Não demorou muito e ele me pediu em namoro e eu aceitei.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Welcome home...

Chegamos em São Paulo, e cada ônibus seguiu para a sua unidade. Ele para a zona norte e eu para a zona leste.
Inevitavelmente, todo mundo que foi ao acampamento acabou se adicionando no Orkut (famoso site de relacionamentos) e lá eu o encontrei, adicionei e mandei um recado, pedindo para que me enviasse as fotos. Depois de uns dias recebi as fotos no meu e-mail e quase na seqüência uma mensagem de texto dele no meu celular perguntando se eu havia recebido as fotos. E assim eu respondi e fomos trocando mensagens. Depois de uns dias recebo a seguinte mensagem: “Queria te falar uma coisa, mas fico meio sem jeito”. Meu ego inflou, porque eu já imaginava o que seria, e respondi: “Pode falar, sem medo!!!”. Segundos depois: “Eu queria te dar uns beijos!”. É, a declaração é meio tosca mas na hora não me contive e dei risada...pensei: ‘que gracinha, o pivetinho quer dar uns beijinhos’. Não me lembro como respondi, só lembro que ele mandou uma mensagem falando que não queria nada sério... só dar uns beijos mesmo e eu pensei: ‘porque não? Ele é um ano mais novo, mas é de família, educado, já trabalha, não é nenhum largado mesmo...nem pega nada!’; e assim acabamos marcando um cinema.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Novembro de 2005

... primeira manhã de um acampamento do curso. Sábado ensolarado, sentamos a mesa para tomar o café da manhã. Um dos poucos que me chamou a atenção nesse acampamento entra no refeitório. Boa aparência, não muito alto, magro, de óculos e com uma garrafa de coca-cola na mão ele se juntou à nos na mesa para tomar café. Troca algumas palavras com o meu irmão a respeito da noite anterior, afinal eles ficaram jogando sinuca e depois rolou a maior ‘zueira’ no quarto dos meninos. Fiquei quieta, não me meti no assunto. Ele se apresentou e eu muito simpática retribui a apresentação. Como uma boa solteira, logo que ele saiu da mesa tive que perguntar para o meu irmão a idade dele, infelizmente meu irmão não sabia. Mas não tinha problema, ia ter uma festa gótica à noite e eu perguntaria. O dia passou... vi o jogo no qual ele foi o goleiro. Chega a hora da festa, fiquei lá no salão com a minha amiga e meu irmão... demorou mas ele chegou. Rodou, rodou, rodou e depois foi até a nossa rodinha. Quando percebi estávamos só nós dois e ele logo perguntou se que poderia tirar uma foto com ele e mais uns garotos e lógico que eu aceitei. Depois ficamos sozinho de novo, o som estava muito alto e tínhamos que falar bem perto um do outro e logo senti seu perfume...e que perfume. Tenho que admitir, era muuuuuuuito bom! Não demorou muito eu acabei perguntando onde ele morava, qual o estágio do inglês que ele estava e sua idade. Quando ele falou 19 eu me desanimei. Ele aparentava ser mais velho, no entanto era um ano mais novo que eu e isso me ‘brochou’. Ele pediu meus telefones e eu passei, mas não anotei os dele porque nem estava com o meu celular. A festa acabou, participamos de uma gincana noturna, mas éramos de times diferentes então nem nos esbarramos.
Domingo, fim das competições para definir o time ganhador. No fim de uma partida de futebol do time dele vi ele caminhando sozinho com uma garota. Pronto! Aquilo me fez desencanar... como ela era mais magra que eu achei melhor nem pensar na hipótese de rolar algo entre eu e ele.
Fim da tarde, sessão de fotos de despedida, quem chega em mim pedindo para tirar foto? Ele mesmo: o Sr. R.! (achei melhor colocar um codinome para não comprometer ninguém, mesmo porque, acho que ele não concordaria com esta publicação). Eu, muito educada, tirei as fotos. Mais tarde, todos estavam colocando suas malas nos ônibus, será que manteríamos o contato?
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