sexta-feira, 12 de junho de 2009

Quanta desgraça junta!

Falei com a minha mãe que achou tudo aquilo muito estranho, mas tinha ainda um fio de esperança. A noite, com meu pai em casa, todos nós conversamos. Eles não conseguiam entender mas não queriam se preocupar antes da hora... antes de termos a absoluta certeza com o resultado da semana seguinte. Minha mãe chegou a perguntar se o Sr. R sabia de tudo isso que estava acontecendo e eu falei que sim e que ele estava me apoiando muito. Que ironia, mal ela sabia que estávamos passando por tudo aquilo graças ao Sr. R.
Uma semana depois e tudo outra vez. Madrugar, pegar carona. Só que dessa vez minha mãe decidiu ir junto então o V. não foi comigo. Chegamos no hospital, aguardamos um pouco e o médico nos chamou, falando que era certeza que eu era portadora do vírus HIV e que eu tinha que procurar um infectologista o mais rápido possível para verificar carga viral e CD4 e assim saber se eu precisaria de retrovirais ou não. Eu já esperava tudo aquilo, fiquei triste mas não tanto quanto a minha mãe, que estranhou a minha reação perante a tudo aquilo.
Voltamos, minha mãe foi para casa e eu para a empresa. Mal eu sabia, mas enquanto eu conversava com o Sr. R minha mãe estava ao telefone também conversando com o meu pai. No instante em que meu pai recebia a noticia da minha sorologia pelo telefone, minha madrinha (aquela tia minha, irmã de meu pai que estava com câncer) chegara ao local de trabalho do meu pai e viu que ele estava até sem cor, de tão chocado com o que acabava de ouvir. Meu pai triste com tudo aquilo acabou desabafando com a irmã. Meu Deus... quanta ‘desgraça’ junta! Não demorou muito minha madrinha me ligou e antes de qualquer coisa ela falou que sabia de tudo e que me daria o maior apoio. Não tive outra reação se não a de chorar... choramos muito ao telefone, e falei para ela que não queria que ela se preocupasse comigo e que se cuidasse. Mas, muito teimosa, ela teve que ajudar... e ajudou muito enquanto pode. Naquele mesmo dia ela já estava a procura de uma consulta particular com um especialista. Voltando ao meu pai... naquele mesmo dia do diagnostico ele me ligou na empresa onde trabalho e me falou que não estava acreditando e que queria fazer o exame em um laboratório particular para ter certeza mesmo. Eu achei meio absurdo, porque no fundo eu sabia até quem tinha transmitido aquilo, mas não tive como contrariá-lo.