terça-feira, 30 de junho de 2009

Decidida!

Bom...eu surtei. Não sabia se estava preparada para isso. Estava no segundo ano da faculdade. Meus planos eram: terminar a graduação, noivar, juntar dinheiro para um enxoval legal e quem sabe uma casa, nesse meio tempo adquirir um carro e aí sim casar e ter filhos. Mas agora tudo teria que ser antecipado por causa de um vírus! Será que eu queria isso mesmo?
Quais seriam minhas prioridades agora? Será que o Sr. R é o homem da minha vida a ponto de casar e ter filhos com ele?
“Meeeeeeeeeu Deus...socorro! Preciso pensar... estou confusa!!!”
Essa confusão na minha cabeça não durou muito tempo. Cheguei um dia em casa aos prantos e avisei minha mãe que estava indo para a faculdade trancar minha matricula. Ela ficou preocupada por causa da minha bolsa de estudos mas eu falei para ela que a graduação podia esperar... a maternidade não. Liguei para o Sr. R para que ele me encontrasse na facul. Assisti a primeira aula, chamei uma grande amiga e avisei que era a ultima aula que eu estava assistindo e que seria muito ruim se despedir de todo mundo (avisei essa amiga e não o Vi porque ele parou o curso antes de terminar o primeiro ano, mas continuamos grandes amigos até hoje). Ela não estava entendendo nada, até começou a chorar comigo mas queria saber o porque... não sei porque, mas acabei falando pra ela: ‘M. é que eu sou soropositiva e o Sr. R também, mas ele esta ficando mal e daqui a pouco não teremos mais a chance de termos um filho. Vou parar o curso para tentar a maternidade’. Eu pensei que ela até teria nojo de me abraçar depois dessa, mas não... ela continuou chorando, abriu um sorriso e me deu um abraço apertado e me desejou sorte. Foi muito legal... outra amiga que posso contar!
Despedimo-nos e fui ao encontro do Sr. R. Segui até o departamento da facul responsável por trancar as matriculas e fiz o que achei certo fazer. Fomos para a minha casa e perguntei ao Sr. R se ele queria mesmo ter um filho comigo mesmo a familia dele reprovando e ele disse que sim. Então impus minha única condição: casamento. Não sei porque mas impus isso, não queria ser mãe sem estar casada, não queria que as pessoas pensassem que casei só porque estava gravida. E ele falou: demorou! Avisamos os meus pais da nossa decisão e eles ficaram felizes... a partir daqui minha vida iria mudar completamente... muitas felicidades e muitas decepções e tristezas!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Surto materno..

E com o decorrer das semanas minha madrinha estava piorando, mas sempre nos dando apoio.
Depois de umas semanas minha mãe surtou... teve um surto de inconformismo. Não se conformava do Sr. R ter me contagiado e ter-se feito de coitado e passado como o namorado bonzinho que aceitou a namorada soro-positivo... não se conformava d’eu ter conversado a respeito com meu amigo de faculdade primeiro do que com ela. Foi muito difícil esses dias... restabelecer a confiança da minha mãe comigo foi mais difícil ainda. Mas deu tudo certo.
Minha madrinha piorou e ficou internada, minha mãe ficava com ela fazendo-lhe companhia e eu acabei cuidando da casa com meu pai e irmão. Mas isso não durou muito tempo... minha madrinha não aguentou e acabou falecendo. Foi uma perda irreparável, até hoje ela faz muita falta para todos nós.
Nesse meio tempo muitas coisas vieram a tona nas consultas com a minha infectologista e tudo me deixou muito confusa e assim acabei surtando. Os resultados dos meus exames eram ótimos mas o Sr. R estava ficando cada vez pior. Nisso veio o assunto: gravidez; e minha infecto nos esclareceu (eu e minha mãe que sempre me acompanha nas consultas). Ela disse que eu estava num ótimo período para engravidar mesmo sendo soropositiva, pois assim teria mais chances do bebe negativar, e que se o meu parceiro continuasse com o CD4 baixando e a carga viral aumentando chegaria o momento dele tomar os retrovirais e não seria muito seguro eu manter relação sexual com ele sem camisinha para tentar engravidar; porque o meu corpo receberia o virus dele e o mesmo sofreria mutações o que poderia ser prejudicial para tentar negativar o feto. Conversei com os meus pais a respeito e eles super aprovaram e apoiaram. O Sr. R ficou muito feliz, porque para ele, ele nunca poderia ter filhos e até iria falar com a mãe dele a respeito. A mãe dele, assim como os irmãos, foram contra, achavam um absurdo a gente querer colocar no mundo mais um ser doente. E eu???

quarta-feira, 24 de junho de 2009

1º vez...

Que mês mais turbulento. Tudo vindo a tona ao mesmo tempo...
Estava quase tudo entrando na normalidade... estava trabalhando como sempre, ralando na faculdade, mas uma coisa me incomodava... omitir para os meus pais a forma como me contagiaram.
Em um final de semana, estava eu e o Sr. R no quarto e minha mãe na sala, nesse dia finalmente o convenci de contar tudo para a minha mãe pelo menos. Chamamos minha mãe ao quarto e contamos tudo para ela. Ao contrario do que ele esperava, minha mãe agiu de uma forma positiva. Ficou triste pela nossa omissão, mas ficou mais aliviada ao saber como eu havia me contagiado. O Sr. R ficou surpreso, ele não esperava que minha familia reagisse da forma que reagiu. Depois de esclarecer tudo com a minha familia não demorou muito eu e o Sr. R decidimos ter a nossa primeira relação sexual. Por incrível que pareça perdi a minha virgindade com ele. Para mim foi mágico, naquela época né... hoje não sei como definir essa experiência.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Descoberta de uma mosca branca!

Falei com o meu chefe, expliquei a situação e naquele dia mesmo alem de ter chegado mais tarde ia sair mais cedo para coletar sangue de novo. O resultado saiu em dois dias e positivo. Não teve jeito... estava confirmadissimo: eu sou portadora do vírus HIV. Com essa confirmação em mãos, fui a consulta com a infectologista que minha madrinha arranjou e como eu não tinha convenio tive que pagar a consulta. Ela me examinou e fez as perguntas de praxe: se eu namorava, se mantinha relações sexuais, se usava drogas, se compartilhei agulhas e se já tinha recebido sangue em algum procedimento cirúrgico. Acho que a única resposta positiva foi em relação ao namoro. Ela estranhou muito porque pelo que estava falando para ela não tinha como eu ter me contagiado. Foi ai que ela pediu licença aos meus pais e eu acabei falando do Sr. R e do beijo com sangue e das minhas aftas. A Dra. falou que nunca havia visto caso parecido, e que eu era uma mosca branca. Depois de tudo esclarecido com a medica, meus pais entraram a sala de consultas novamente e ela me encaminhou para um Centro de Referencia de HIV e DSTs. Meus pais não gostaram muito do tempo em que fiquei sozinha com a medica, acharam estranho, afinal nunca escondi nada deles mas desconversei.
Nessa noite, falei com o Sr. R. e nada de mais. Ele me falou o que estava falando há semanas, porém eu deixei claro para ele que não agüentaria enganar meus pais por muito tempo, afinal para eles o Sr. R não tinha nada e eu poderia coloca-lo em risco. O Sr. R ‘entendeu’ mas pediu um tempo para que eu contasse. Já meus pais estavam preocupados com ele, como ele reagiria a tudo isso agora que já estava tudo confirmado, mal eles sabiam que o Sr. R é quem havia me contagiado. Essa semana foi tão estressante que meu pai cogitou formas de contagio absurdas...ate para o dentista ele apelou... minha madrinha pensou que foi no dia em que eu coloquei o piercing no nariz e ela se sentiu culpada afinal ela quem me deu a jóia e tudo mais.
Nesse meio tempo o inesperado para o Sr. R aconteceu, a mãe dele ‘arrumando’ a mochila dele viu os exames de HIV. Ela descobriu a sorologia do filho da maneira mais trágica possível. Ele ficou super mal, porque não queria que a mãe dele descobrisse, ainda mais daquela maneira. A mãe dele por sua vez ficou preocupada em relação a minha pessoa, ficou com ‘medo’ que ele me contagiasse e minha familia os processasse. Mal ela sabia, que enquanto ela estava descobrindo a sorologia do filho eu e meus pais estávamos correndo atrás de um plano de saúde que tivesse menor tempo de carência para doenças pré-existentes, por causa do vírus que o filho dela já havia me transmitido.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Quanta desgraça junta!

Falei com a minha mãe que achou tudo aquilo muito estranho, mas tinha ainda um fio de esperança. A noite, com meu pai em casa, todos nós conversamos. Eles não conseguiam entender mas não queriam se preocupar antes da hora... antes de termos a absoluta certeza com o resultado da semana seguinte. Minha mãe chegou a perguntar se o Sr. R sabia de tudo isso que estava acontecendo e eu falei que sim e que ele estava me apoiando muito. Que ironia, mal ela sabia que estávamos passando por tudo aquilo graças ao Sr. R.
Uma semana depois e tudo outra vez. Madrugar, pegar carona. Só que dessa vez minha mãe decidiu ir junto então o V. não foi comigo. Chegamos no hospital, aguardamos um pouco e o médico nos chamou, falando que era certeza que eu era portadora do vírus HIV e que eu tinha que procurar um infectologista o mais rápido possível para verificar carga viral e CD4 e assim saber se eu precisaria de retrovirais ou não. Eu já esperava tudo aquilo, fiquei triste mas não tanto quanto a minha mãe, que estranhou a minha reação perante a tudo aquilo.
Voltamos, minha mãe foi para casa e eu para a empresa. Mal eu sabia, mas enquanto eu conversava com o Sr. R minha mãe estava ao telefone também conversando com o meu pai. No instante em que meu pai recebia a noticia da minha sorologia pelo telefone, minha madrinha (aquela tia minha, irmã de meu pai que estava com câncer) chegara ao local de trabalho do meu pai e viu que ele estava até sem cor, de tão chocado com o que acabava de ouvir. Meu pai triste com tudo aquilo acabou desabafando com a irmã. Meu Deus... quanta ‘desgraça’ junta! Não demorou muito minha madrinha me ligou e antes de qualquer coisa ela falou que sabia de tudo e que me daria o maior apoio. Não tive outra reação se não a de chorar... choramos muito ao telefone, e falei para ela que não queria que ela se preocupasse comigo e que se cuidasse. Mas, muito teimosa, ela teve que ajudar... e ajudou muito enquanto pode. Naquele mesmo dia ela já estava a procura de uma consulta particular com um especialista. Voltando ao meu pai... naquele mesmo dia do diagnostico ele me ligou na empresa onde trabalho e me falou que não estava acreditando e que queria fazer o exame em um laboratório particular para ter certeza mesmo. Eu achei meio absurdo, porque no fundo eu sabia até quem tinha transmitido aquilo, mas não tive como contrariá-lo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Que droga!!!!!!

Chegou o dia, acordei junto com o meu pai e ele me deu uma carona, me desejando sorte e falando que ia dar tudo certo. Que droga mentir para os meus pais...que droga! Me arrependo disso até hoje.
Mas... Voltando... encontrei com o V. no metrô e de lá seguimos. A medica responsável me avisou que tinha dado sorologia positiva, mas não indicava qual, por isso eles pediam o exame, para ter certeza qual o vírus que a pessoa tinha. Sangue coletado, protocolo de coleta guardado... era preciso esperar alguns dias para o resultado. Eu teria que voltar lá para pegar o mesmo... como eu ia falar com o meu chefe a respeito eu ainda não sabia. Mas... era preciso! Avisei o meu chefe, e contei com a sua compreensão, ele não me pareceu muito feliz mas ‘autorizou’ minha chegada mais tarde na semana seguinte.
Faltava um dia para pegar o resultado do exame.
Não comentei muito do Sr. R. nesses trechos porque a atitude e reação dele a respeito era sempre a mesma: me dava apoio, carinho e bitocas e pedia para que eu nao contasse dele para mais ninguém.
Mais um dia madrugando, mais uma carona com meu pai, mais um encontro cedo com o V. no metro. Chegamos ao hospital, a médica me chamou e falou que tinha dado positivo para HIV. Eu fiquei mal mas meio que já esperava aquilo. A Dra. também me alertou que eu teria que fazer mais um exame, com outro tipo de reator, para termos absoluta certeza de aquilo não era um falso-positivo, e eu fiz. Mais uma coleta... mais uma futura conversa com os meus pais. Chorei e o V. me deu muito apoio, Sr. R me ligou e pediu para que eu mantivesse a calma que tudo ia dar certo.
Fui para a empresa e decidi falar com a minha mãe na hora do almoço, assim ela conversaria com meu pai no decorrer do dia. Avisei o meu chefe que na semana seguinte chegaria mais tarde novamente. E de novo vi cara feia.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dez dias se passaram...

...enfim chegou o resultado. Como eu estava esperando, infelizmente, eles não podiam aceitar meu sangue por constar sorologia positiva. Eu estava lendo ainda quando o V. me ligou falando que a carta dele chegara e estava liberado, pelo meu silencio ele havia percebido que minha carta não tinha sido tão boa quanto a dele. Bateu-me o desespero. Liguei para o Sr. R e falei. Perguntei a ele como iria contar aquilo para os meus pais sem falar dele, não queria mentir nem esconder nada dos meus pais como fez o Sr. R., eu não conseguiria seguir com um fardo tão pesado sozinha. Ele me pediu força e sigilo quanto a ele, falou que eu não estava sozinha e que ele estaria junto comigo. Falei que ia tentar e depois falava com ele.
Na hora do almoço falei com a minha mãe. Disse que o hospital havia rejeitado meu sangue e me convocado para fazer alguns exames. Ela me perguntou o porque e eu falei que tinha dado alguma sorologia positiva. No começo ela achou que fosse brincadeira minha (quem dera fosse) eu até dei uma risadinha mas a alertei que não era e que era melhor ela estar esperando algo não muito bom. Ela sorriu e falou: ‘fica tranqüila filha. Deve ser algum falso-positivo. Volta lá e faz os exames’. Tadinha dela, me senti horrível, porque algo me dizia que não haveria nenhum falso-positivo. Mas entendi sua fé e positivismo. No mês anterior ficamos sabendo que minha tia (irmã do meu pai) estava com câncer e entrou e metástase, estávamos todos muito abalados, porque tínhamos acabado de restabelecer fortes laços com ela depois de tanto tempo. E por isso vivíamos com pensamentos positivos lá em casa, principalmente por causa do meu pai que estava com muito medo de perder a irmã. Foi péssimo ‘iludir’ minha mãe, mas quando pensei contar me lembrei do pedido do Sr. R. e fiquei na minha (OUTRA DICA: NUNCA MINTA PARA OS SEUS PAIS, POIS ELES SÃO OS ÚNICOS COM QUEM PODERÁ CONTAR EM UMA HORA DE MAIOR DESESPERO).
Falei com o meu chefe e naquela semana mesmo eu chegaria mais tarde na empresa pois logo cedo iria para o hospital. Pedi ao V. que fosse comigo e ele topou, mesmo sendo muuuuito cedo.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Dia de balada...

Chegou sábado, logo de manha encontrei-me com o V. e fomos para o hospital doar o sangue. Não conseguia parar de tremer... embora não fosse minha primeira doação estava com medo. Passei pela triagem e a enfermeira fez as perguntas básicas e perguntou também se eu estava namorando. Quando disse que sim ela perguntou o nome do rapaz e eu falei. Ela buscou no banco de dados e lá estava ele: Sr. R. Ela falou o nome completo dele e eu disfarcei fingindo não saber quem era... eu perguntei o porque e ela me disse que constava algo a respeito daquela pessoa e se fosse o meu namorado mesmo eu não poderia doar. Minha consciência pesou, mas falei que ele não era meu namorado e prosseguimos. Fiz isso porque eu precisava saber se tinha algo ou não e como ao doar sangue eles são obrigados a fazer exames com o sangue doado decidi ir em frente. (NUNCA FAÇAM ISSO, É ERRADO E PODE PREJUDICAR O FUTURO RECEBEDOR DO SEU SANGUE, AFINAL O VIRUS DO HIV ENTRE OUTROS, TEM UMA ‘JANELA IMUNOLOGICA’ DE 3 MESES, OU SEJA, DENTRO DESSE PERIODO MESMO QUE VOCÊ ESTEJA INFECTADO EM QUALQUER EXAME QUE FIZER VAI CONSTAR QUE VOCE NÃO PORTA VIRUS ALGUM). Ficamos naquelas cadeiras para doar um do lado do outro, eu e o V. Estava tensa... a bolsa encheu. Tomamos o lanche obrigatório e fomos embora. Foi a maior correria nesse dia. Saí do hospital direto para casa para me arrumar, me ajeitei liguei para o Sr. R. e ele falou que estava no interior de SP a trabalho mas chegaria a tempo. A correria foi muita e ao mesmo tempo boa, porque me fez esquecer da bendita bolsa de sangue.
Fui cedo para a casa da minha amiga para apanhá-la e pegar o bolo. Perto das 21h já estávamos na porta da balada a espera de alguns amigos. Poucos foram porque chovia muito(como acontece em todas as minhas festas de aniversário): o V. chegou todo molhado e decidiu não entrar, o Sr. R. por sua vez nem foi... chegou em São Paulo as 23h e achou melhor não ir(affffffffeeeeeeeeeee)... quando mais contava com a sua presença ele não apareceu. Mas beleza...tentei não pensar nisso e curti muuuuuuuuuito aquela noite.
Mais uma semana tensa... a carta do hospital informando se o sangue foi liberado ou rejeitado não chegava de jeito nenhum. No serviço eu estava uma pilha de ansiedade, e na faculdade eu meu distraia muito com meus colegas de classe e atividades então era mais sossegado.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Domingo, .. de abril, véspera do meu aniversário.

Encontrei com o Sr. R. no dia seguinte. Foi um encontro muito carinhoso, ficamos por muito tempo abraçados e conversamos muito a respeito. Eu sabia de alguma coisa sobre o HIV mas não tudo. Ele me explicou que ele estava bem e que nem precisava tomar retrovirais ainda. Expliquei pra ele da minha necessidade de conversar a respeito com os meus pais, expliquei que eles entenderiam e não me impediriam de continuar o namoro. Mas ele não me entendeu muito bem, e como é muito teimoso, continuou a me pedir para não falar nada para minha família. Porem eu o alertei, que se meu exame desse positivo, eu não esconderia nada dos meus pais. O fato é que ele estava crente que eu não tinha nada, então meus pais nunca saberiam a respeito dele.
Meu aniversário caiu em uma segunda então nem houve muitas comemorações. Só uma pizza básica, a festa seria no sábado mesmo. A semana passou tensa, anciosa...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ressaca...

Cheguei em casa, tomei um café, um bom banho e fui para a cama logo depois que o Sr. R. me ligou avisando que chegara em casa. Demorou mas dormi. A tarde acordei meio tensa. Minha mãe notou mas disfarcei, só Deus sabe o quanto eu queria desabafar com ela. O V. me ligou, perguntou se o nosso encontro naquela tarde estava de pé e eu falei que sim e no meio da conversa ele comentou a respeito da filha de um amigo dele que precisava de doadores de sangue e perguntou se eu queria doar com ele na semana seguinte e eu falei que iria se ele fosse na minha festa de aniversário (sim... na semana dessa confissão era o meu aniversário), então estava combinado: 08 de abril iríamos doar sangue, voltar para casa e nos arrumar para a balada do meu aniversário. Tudo combinado, desliguei o telefone...não passou 05 minutos o Sr. R. estava me ligando para saber como eu estava e tudo mais e eu falei para ele que iria contar para o V. pois não agüentaria guardar uma coisa tão importante sozinha. Ele ficou meio ‘assim’ mas não me restringiu, só pediu para que não contasse para a minha família.
Saí e fui me encontrar com o V. numa praça bem legal aqui perto de casa. Abracei-o e comecei a chorar e contar tudo que o Sr.R. havia me contado e dos meus receios: sexo, gravidez, perda, etc. E declarei que estava sentindo que tinha deixado passar despercebido algum detalhe que naquele caso seria relevante e ele falou para tentar lembrar de cada encontro e o que aconteceu em cada um deles. Poutz!!!! Lembrei: a boca dele sangrou enquanto me beijava. (Lembram daquele detalhe que eu falei para se atentarem?). Nisso o V. me fala que não tem nada a ver, que HIV não pega no beijo só no sexo desprevenido e contato sangue/sangue. Daí foi minha hora de lembrá-lo que no contato sangue e ferida também há contagio e naquela época eu estava com muita afta. SILENCIO. Olhares preocupados se encontraram... liguei para o Sr. R. e ele ligou para a médica dele que falou que era uma chance em um milhão e que nunca tinha visto contagio dessa forma.
Bom... isso me aliviou e não aliviou. Tinha o apoio e ombro amigo do V., mas sentia falta do colo dos meus pais. Queria falar para eles mas Sr. R. não deixou. Fui me segurando. Fiquei desesperada, precisava fazer um exame mas não tinha dinheiro e nem sabia como recorrer a ajuda pública. O V. me pediu calma, me lembrou da doação de sangue que iríamos fazer e que se eu tivesse alguma coisa me avisariam

quarta-feira, 3 de junho de 2009

E que festa...

...o local era longe pra caramba. Nos perdemos, e decidimos pegar um táxi. Chegamos e a entrada estava suuuuper cheia, foi o maior sacrifício encontrar meu irmão e o resto do pessoal. Demorou mas entramos na balada. Curtimos daquele jeito... mas curtimos. Por volta das 5h da manhã fomos embora. Pegamos o ônibus, metrô e quando chegamos na estação próxima a minha casa ele me puxou de lado e pediu uma resposta. Na minha cabeça não tinha problema algum continuar com ele, afinal não tinha relação sexual com ele de nenhum tipo e não lembrava de nada que ele tenha feito para me colocar em risco. Eu sentia que gostava muito dele e falei: ‘Já disse que te amo e que jamais queria terminar com você e minhas palavras continuam as mesmas. Não vou terminar com você por causa de um vírus. É só a gente se cuidar!’. Ele se emocionou, me abraçou e me deu um beijo longo seguido de um EU TE AMO. Conversamos mais um pouco a respeito. Falei pra ele que pensava que ele era virgem até, afinal ele me respeitava até demais; e ele falou que nunca tentou nada por medo de contágio e que não queria transar comigo por um bom tempo até se sentir seguro. Aí eu falei que não podia ser assim, e que uma hora ia ter quer acontecer, mesmo porque eu não queria ser virgem para sempre e ele até riu! Primeiro sorriso espontâneo do dia! Mas o papo teve que ser cortado porque meu amigo e meu irmão estavam me esperando. Nos despedimos e ele foi para casa dele, mas nos encontraríamos no dia seguinte para conversar melhor. Subi pelas escadas rolantes aflita, precisava desabafar com alguém. Avistei o V. e não agüentei, comecei a chorar. Mas logo cortei as lágrimas porque meu irmão estava se aproximando. O V. percebeu meu desespero e combinamos de nos encontrar mais tarde e ele foi embora. Meu irmão chegou pra gente ir embora mas percebeu que eu tinha chorado e eu desconversei. Eu queria contar tudo para ele, mas não o fiz em respeito ao Sr. R., porque ele estava com medo da reação da minha família e pediu para que eu não contasse nada a ninguém.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sexta-feira...

...dia da festa dos calouros, véspera do 1º de abril. Meu irmão tinha ido para a festa com outros amigos e íamos nos encontrar lá. Eu e o V. saímos da última aula e fomos direto para o metrô, tomando nossas latinhas de chopp de vinho, para encontrar meu namorado – o Sr. R. Chegamos lá os apresentei e percebi que ele estava com uma cara triste. Já tinha falado com o V. então logo depois da apresentação meu amigo nos deixou sozinhos. E eu sorrindo falei: ‘vai amor, qual é a pegadinha de 1º de abril. Não teve graça você brincar comigo daquele jeito, quase tive um treco!’. Mal tinha acabado minha frase e notei uma lágrima escorrendo pelo rosto do Sr. R. Bateu o desespero e eu comecei a perguntar ‘o que foi? Me conta logo o que tem pra contar!’ E nisso, ele me segura pelos braços fala que me ama muito e que entenderia se eu quisesse terminar, outra lágrima escorreu, ele olhou nos meus olhos e falou: “ T. eu tenho HIV!”. Minhas pernas amoleceram, quase desmaiei, eu comecei a chorar muito e ele me deu um forte abraço. E as perguntas de praxe começaram a sair: ‘Mas como isso aconteceu? Com quem foi? Você me traiu? Quem sabe disso? Porque não me contou antes?’ ... Ele me pediu calma e foi respondendo: “Fui numa casa de prostituição e a camisinha estourou quando eu estava com a prostituta. Nunca te trai e nunca trairia porque te amo. Não te contei antes porque eu não tinha certeza se tinha mesmo. E só meu melhor amigo, minha médica e você sabem.” Perguntei se ele voltou ao lugar para notificar a prostituta e ele falou que não e nem faria porque não gostava de falar nisso. O tempo foi passando e estava ficando tarde. Meu amigo já estava aflito. Ele me perguntou se eu iria continuar com ele mesmo assim e eu falei:’amor, o V. já ta nos esperando há um tempo. Vamos pra festa e depois eu te falo o que vai ser de nós.’ E assim foi! Ele pegou na minha mão, fomos até o meu amigo, que percebeu que algo não estava bem, e de lá seguimos para a festa.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Em janeiro de 2006...

...eu tive a confirmação da bolsa de estudos na universidade, no curso Tradutor e Intérprete. Fiquei muito feliz e ele receoso. Pensou que eu ia achar alguém mais interessante e terminaria com ele só porque ele não tinha cursado e nem estava cursando nenhuma faculdade. Pura besteira... pois eu sou muito fiel aos meus parceiros.
Passado três meses, os veteranos organizaram uma festa numa casa noturna para os calouros. Claro que o chamei e estava tudo combinado e iríamos com meu irmão, uns amigos da minha época de colégio e um amigo que tinha acabado de conhecer na universidade, o Victor.
Semana da festa, e por coincidência, semana do 1º de abril (dia da mentira) – o Sr. R. começou a me mandar umas mensagens estranhas do tipo: “Preciso te falar algo muito importante!” – “Tenho um problema de saúde que ainda não tem cura”. Nossa quase tive um treco... pensei: ‘Pronto! Meu príncipe encantado tá com câncer e à beira da morte.’ Que semana... como chorei!!! Mas depois vi que sábado seria 1º de abril... dia da mentira!!! Um alívio, tinha quase certeza que ele estava fazendo uma pegadinha comigo! Até tinha desencanado e quando ele meio que me lembrava do assunto eu nem dava muita bola...